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Pesquisa

Pesquisa revela método mais barato e preciso para diagnóstico da Hepatite C

Publicado: Segunda, 18 de Abril de 2022, 08h24

Responsável por mais de 180 milhões de infecções em todo o mundo, o vírus da hepatite C (HCV) é caracterizado pelo processo inflamatório persistente do fígado. É transmitido por meio de compartilhamento de seringas, instrumentos de unha, lâminas, relações sexuais ou qualquer forma de contato com sangue contaminado, o HCV é e majoritariamente identificado em países de baixa e média renda (PBMRs). Aproximadamente 60% a 85% dos casos se tornam crônicos - doenças com longa ou indefinida duração - e 20% evoluem para cirrose ao longo do tempo.  

Uma pesquisa da UFU, em parceria com a Universidade de Nottingham, no Reino Unido, com a colaboração da UFTM, traz uma novidade na técnica de análise de soro coletado dos pacientes que poderá aprimorar o diagnóstico e mesmo tratamento para O HCV.

 

Victória Groshe, à direita, realiza testes no Laboratório de Virologia da UFU
Victória Groshe, à direita, realiza testes no Laboratório de Virologia da UFU

 

O trabalho intitulado Simultaneous determination of HCV genotype and NS5B resistance associated substitutions using dried serum spots from São Paulo state, Brazil, foi publicado no periódico científico britânico “Access Microbiology”, vinculado à Microbiology Society.  Foi conduzido por Victória Grosche, doutoranda em Microbiologia pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), coordenado pela professora Ana Carolina Gomes Jardim, do Laboratório de Pesquisa em Antivirais da UFU, em parceria com o professor Patrick McClure, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido. Contou também com a colaboração do professor Diego Pandeló José, do campus Iturama da UFTM, nas análises e interpretação dos resultados.

O novo método

A pesquisa coletou amostras de soro – sangue - de um grupo de 80 pacientes em diferentes instituições de saúde em cidades do noroeste paulista para realização da genotipagem (examina a sequência de DNA) do HCV, o agente etiológico da hepatite C.

A novidade foi a técnica utilizada denominada “Dried Serum Spots” (DSS), em tradução livre, “Gotas de Soro Secas”. Esta consiste na deposição de uma gota de material biológico - neste caso, soro - em um papel filtro especial para a realização dos experimentos. Os soros dos pacientes, após serem colocados no papel e aguardado o tempo de espera, foram enviados para o Laboratório Adolf Lutz, onde foi possível realizar o sequenciamento genético das amostras biológicas coletadas.

Por meio do sequenciamento genético realizado na Universidade de Nottingham, Reino Unido, foi possível identificar em amostras de diferentes pacientes a presença de mutações nos aminoácidos de resistência ao tratamento. “Esses resultados são importantes por diversos motivos, inclusive um diagnóstico mais preciso para orientação do tratamento adequado. Foi possível observar também possíveis rotas de contágio e transmissão, por meio das análises e informações coletadas nas instituições de saúde”, explicou Diego.

 

 

Modelo do processo, desde a análise de amostragens de manchas de soro seco (DSS) até a análise do sequenciamento genético.
Modelo do processo, desde a análise de amostragens de manchas de soro seco (DSS) até a análise do sequenciamento genético. (Imagem: Arquivo dos pesquisadores)

 

Para o professor Diego, o estudo mostrou pela primeira vez no Brasil que o conjunto de medidas contra o HCV, como diagnóstico, genotipagem e a análise de resistência a fármacos, pode ser realizado por meio da técnica de DSS. “Os dados apresentados destacam a relevância do estudo das variantes circulantes para melhor compreensão da variabilidade do HCV e da resistência à terapia”. A partir do diagnóstico é possível propor um tratamento adequado como forma de combater as moléculas resistentes, utilizando antivirais específicos de ação direta (DAAs) e que causem menos danos aos pacientes.

Os principais benefícios do uso do DSS são o baixo custo e a pequena estrutura necessária para realizá-lo, permitindo que seja aplicado nos países de baixa e média renda, onde a incidência da hepatite C é maior. “Quanto mais publicarmos este tipo de método, mais pessoas podem reproduzi-lo e estudá-lo, tornando-o cada vez mais acessível a diversas comunidades”, ressalta a doutoranda. 

O trabalho pode ser conferido gratuitamente pelo link:

https://www.microbiologyresearch.org/content/journal/acmi/10.1099/acmi.0.000326?originator=authorOffprint&identity=194799&timestamp=20230302142907&signature=831de38c965717db30e5494dd84f7cbb

 

Matéria  redigida em coautoria da Comunicação Social/UFTM e Diretoria de Comunicação Social da Universidade Federal de Uberlândia (Dirco/UFU)

Imagem: Milton Santos (fotógrafo da Dirco/UFU)

 

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