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Pesquisa

Pesquisa da UFTM sobre COVID-19 descreve o possível papel do vírus na estimulação de doença que afeta os neurônios

Publicado: Quinta, 05 de Outubro de 2023, 09h01

O Laboratório de Imunologia e Bioinformática da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) publicou um artigo científico sobre o possível papel do vírus SARS-CoV-2, responsável pela COVID-19, no desencadeamento da doença Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LEMP), na revista International Journal of Infectious Diseases, periódico de relevância na comunidade científica que divulga pesquisas originais e na fronteira do conhecimento sobre doenças infecciosas. Durante o estudo realizado na UFTM, intitulado "Avaliação da resposta imune na infecção por Covid-19 em pacientes do município de Uberaba-MG," que envolveu a avaliação, diagnóstico e acompanhamento de 2.000 participantes no contexto da pandemia, surgiu um caso que intrigou os pesquisadores, o de um paciente atendido em agosto de 2020 no Hospital de Clínicas da UFTM (HC-UFTM). “Até o presente momento, este caso, com suas particularidades, é o primeiro a ser registrado na história da literatura científica, enfatizando o potencial da COVID-19 em desencadear outras doenças graves”, afirmou o professor Carlo Oliveira, um dos coordenadores da pesquisa.

O paciente em questão apresentou subitamente desorientação, dificuldade na comunicação (afasia) e problemas para resolver cálculos matemáticos (acalculia). Investigações subsequentes revelaram a presença do HIV, que até então não havia sido diagnosticado. Além disso, uma ressonância magnética realizada mostrou padrões sugestivos de Leucoencefalopatia Multifocal Progressiva (LEMP), uma doença que afeta a camada protetora dos neurônios, prejudicando a comunicação entre as células do Sistema Nervoso Central (SNC). Posteriormente, a análise do líquido cefalorraquidiano, coletado por meio de punção lombar, identificou a presença do SARS-CoV-2, o vírus responsável pela COVID-19, bem como do poliomavírus humano 2 (HPyV2), um vírus pouco conhecido e responsável por causar a LEMP.

Os pesquisadores também observaram uma produção elevada de citocinas (mensageiros do sistema imunológico) relacionadas ao perfil de resposta imunológica TH17 que, em algumas situações, pode contribuir para a alteração na permeabilidade da barreira hematoencefálica (responsável por regular o fluxo de substâncias entre o sangue e o SNC), potencialmente colaborando no desencadeamento de doenças de afetam o cérebro. Esses achados levantam preocupações e justificam a necessidade de investigações mais aprofundadas para entender os mecanismos subjacentes às lesões no SNC em pacientes com COVID-19.

O trabalho, coordenado pelos professores Virmondes Rodrigues, Marcos Vinicius da Silva e Carlo Oliveira, envolveu a colaboração de estudantes de graduação e pós-graduação, bem como médicos e docentes do HC-UFTM. Para um dos autores, o estudante de medicina Yago Marcos Pessoa Gonçalves, “este caso ilustra a complexa interação de vírus em contextos neurológicos. Especificamente, relatamos o possível papel do SARS-CoV-2 no desencadeamento da LEMP, condição causada pelo HPyV2, anteriormente conhecido como Vírus John Cunningham (Vírus JC), em paciente infectado pelo HIV. Esses resultados, em consonância com a literatura científica, destacam a relevância de explorar os mecanismos pelos quais a infecção pelo SARS-CoV-2 pode desencadear encefalopatias”. O trabalho foi desenvolvido pela equipe desde o início da pandemia e mostra achados importantes que podem repercutir sobre aspectos ainda não conhecidos da COVID-19. Segundo o pesquisador Virmondes,  “essa importante publicação é uma das marcas do esforço da UFTM no enfrentamento da COVID-19, com um grupo coeso, que atuou no diagnóstico e na pesquisa, fortalecendo a vocação institucional de atuar em prol da sociedade”. Essa pesquisa teve apoio da própria UFTM e de fomento das agências CNPq, CAPES e FAPEMIG.

Para acessar o artigo completo: https://www.ijidonline.com/article/S1201-9712(23)00730-0/fulltext

Exame de imagem de cérebro
(A) Linha do tempo delineando a evolução do paciente (B) A ressonância magnética inicial mostrou focos hiperintensos em FLAIR na substância branca cerebral, de forma assimétrica, predominantemente subcortical, maiores no lado esquerdo, envolvendo as "fibras U", e sem efeito de massa. (C) Medição de citocinas e análises de citometria de fluxo (D) A ressonância magnética realizada após deterioração clínica mostrou aumento significativo da extensão das lesões no hemisfério cerebral esquerdo, agora associadas à atrofia.

 

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