Pesquisa desenvolvida na UFTM avalia a utilização de jogos de realidade virtual na recuperação de pacientes que sofreram acidente vascular cerebral
A combinação de estímulo cognitivo e motor, proporcionada pelos jogos de realidade virtual, é a ferramenta de uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM que avalia a influência deste tipo de mecanismo na recuperação de pacientes que sofreram acidente vascular cerebral. A pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Atenção à Saúde, é orientada pela professora Fabiana Caetano Martins Silva e Dutra e desenvolvida pelo terapeuta ocupacional Alberto Luiz Aramaki.
De acordo com a orientadora do projeto, doutora em Ciências da Reabilitação, pesquisas envolvendo a influência dos jogos de realidade virtual na reabilitação de pacientes com os mais diversos diagnósticos têm demonstrado resultados promissores. “Os estudos já publicados têm mostrado uma melhora de aspectos motores e do equilíbrio. Mas poucas pesquisas focam seus objetivos no desempenho de atividades do cotidiano e na participação social”, esclareceu Fabiana.
Segundo o terapeuta ocupacional Alberto Luiz Aramaki, a ideia do projeto surgiu da vivência profissional, ao atuar em instituições de saúde onde foram utilizados jogos de videogame no tratamento de pacientes, e de uma especialização em Gameterapia, técnica que consiste na utilização de jogos de realidade virtual na reabilitação de pacientes. “Essa experiência motivou a testar a Gameterapia em adultos que sofreram acidente vascular cerebral”, acrescentou Alberto.
O objetivo da pesquisa é avaliar a influência da Gameterapia em dois aspectos da funcionalidade: o desempenho em atividades que envolvem questões como a mobilidade, realização de atividades da vida diária e cognição aplicada no dia a dia; e na participação que envolve a interação do paciente em atividades de lazer, trabalho, estudo e com outras pessoas. “Os pacientes que sofreram acidente vascular cerebral podem apresentar diferentes graus de deficiência, dependência nas atividades de vida diária e restrições em atividades sociais. O paciente que sofreu acidente vascular cerebral é encaminhado para tratamento com a terapia ocupacional por causa do impacto negativo no cotidiano e das limitações na execução das atividades essenciais para uma vida independente. Atualmente, as inovações tecnológicas como o uso da gameterapia passaram a ser incorporadas em serviços de terapia ocupacional, sendo importante investigar evidências de sua eficácia para melhorar o nível de independência em atividades e na participação social”, destacou Fabiana.
A pesquisa é realizada no Centro de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – HC-UFTM. Os pacientes que sofreram acidente vascular cerebral são convidados a participar da pesquisa e, após aceitarem, passam por uma bateria de testes. Cada voluntário passa por três sessões semanais de 50 minutos de Gameterapia até completar um ciclo de 36 sessões. Após completar esse ciclo, é realizada uma comparação com os dados iniciais do paciente. “Após as 36 sessões usando Gameterapia, nós reavaliamos o paciente com a mesma bateria de testes. Os resultados da avaliação inicial e da reavaliação, após a Gameterapia, são tabulados e lançados em um programa estatístico e analisamos a eficácia, isto é, se o paciente melhorou e se esta melhora foi significativa”, explicou Alberto.
De acordo com o terapeuta ocupacional, a pesquisa ainda está em andamento. Até o momento, foram feitas avaliações com cinco participantes. Neste mês, será iniciado um novo ciclo com novos participantes. Os resultados parciais da pesquisa apresentam resultados promissores. “Estamos verificando melhora em diversos fatores que analisamos. Houve diminuição das restrições sociais, os pacientes estão conseguindo realizar as atividades de vida diária com mais independência e um dos participantes até retornou aos estudos”, complementou o pesquisador.
A pesquisa é desenvolvida com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes.
Fotos: Edmundo Gomide/UFTM
Redes Sociais