Capes seleciona pesquisa da UFTM sobre marcadores imunológicos e genéticos na COVID-19
O projeto de pesquisa da UFTM “Prospecção de marcadores moleculares e genéticos de resistência e suscetibilidade à COVID-19: contribuições ao manejo clínico, transmissão vertical e ao aprimoramento diagnóstico”, coordenado pelo professor Virmondes Rodrigues Junior, foi um dos 31 projetos de pesquisa e formação de recursos humanos na pós-graduação stricto sensu selecionados pelo Edital nº 09/2020, do Programa de Combate a Epidemias da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Capes.
A seleção é parte do programa estratégico desenvolvido para o enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, vírus causador da COVID-19, e em temas relacionados às endemias e epidemias típicas no país, por meio de apoio a projetos de pesquisas e formação de recursos humanos altamente qualificados.
O projeto de pesquisa da UFTM
Há pessoas com maior imunidade à COVID-19? Se há, quais podem ser os fatores que garantem maior resistência à infecção? Podem ser fatores genéticos? Essas são algumas das perguntas para as quais o projeto da UFTM irá buscar respostas.
O entendimento da fisiopatogenia da doença e dos fatores relacionados com resistência ou suscetibilidade ainda é pouco conhecido, o que significa dizer que as alterações, lesões ou anormalidades causadas em um ou mais órgãos do nosso corpo devido à infecção pelo vírus que causa a COVID-19 precisam ser mais bem entendidas. “Nosso projeto traz um proposta robusta de identificação de fatores de risco, gravidade e preditores de apresentação clínica na COVID-19 baseada numa ampla análise imunológica, genética e de coinfecções. Abordaremos uma casuística privilegiada, portanto teremos a oportunidade de investigar um número grande de pacientes. Nesse estudo, esperamos avaliar milhares de pessoas, contando com a população em geral, gestantes e seus neonatos, além de profissionais de saúde”, explicou o professor Virmondes.
Os resultados pretendem contribuir com a identificação da dinâmica da produção de diferentes anticorpos para o coronavírus SARS-CoV-2, que são uma das formas de defesa do organismo. A partir desse conhecimento da resposta imune do corpo, de verificar como os pacientes produzem anticorpos e quais são produzidos em diferentes momentos da doença ou infecção, podem-se delinear estratégias de diagnóstico, baseadas em anticorpos, e melhorar o manejo clínico para atender os pacientes.
“Iremos também definir a dinâmica da produção de citocinas e aspectos funcionais de linfócitos, que são células-chave no combate às infecções virais, e a expressão de uma ampla variedade de genes durante a COVID-19. Também estudaremos as múltiplas formas de moléculas relacionadas com o sistema imune e vias de invasão celular pelo coronavírus, definindo as características preditoras de evolução clínica, gravidade e óbito. Complementaremos determinando se a ocorrência de outras infecções pulmonares concomitantes agrava a evolução da COVID-19. Os resultados dessa avaliação serão obtidos conforme a pandemia se expande, permitindo a divulgação periódica de resultados e já no primeiro ano de projeto”, afirmou o pesquisador.
Coleta de amostras
A equipe da pesquisa já começou os trabalhos a partir da coleta de amostras para fazer o diagnóstico da doença e para a pesquisa, incluindo sangue e soro dos indivíduos suspeitos, além da coleta de urina. Pacientes suspeitos de terem contraído a infecção pelo coronavírus voluntariamente aceitam participar da pesquisa e assinam um documento de concordância. Há diversos pontos de coleta em Uberaba e região, incluindo hospitais e UPAs. O número de amostras dependerá da concordância e do número de pacientes suspeitos. No entanto, há disponibilidade de 10 mil testes doados para o diagnóstico da COVID-19.
“Nossa estratégia de pesquisa de antígenos na urina, como método rápido e não invasivo de diagnóstico, traz uma perspectiva de melhora no diagnóstico, possivelmente precoce, em relação à detecção de anticorpos. Podem representar um saldo qualitativo e de redução de custos no diagnóstico da COVID-19, completamente adequáveis para o combate a outras infecções. São produtos diretamente aplicáveis no Sistema Único de Saúde e com inquestionável capacidade de aprimorar o combate à doença”, destacou o professor Virmondes. Todos os objetivos abordados pela proposta foram submetidos à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa - Conep para autorização da pesquisa e as coletas de amostras de pacientes para análises imunológicas já foram aprovadas.
Recursos e parcerias
A abordagem do estudo é multidisciplinar e conta com uma equipe de professores, técnicos administrativos e discentes de vários departamentos do Instituto de Ciências da Saúde - ICS e do Instituto de Ciências Biológicas e Naturais - ICBN na UFTM, sob coordenação do professor Virmondes Rodrigues Junior.
O estudo utilizará modernas tecnologias de laboratório e conta com a colaboração de duas outras universidades: Universidade Federal do Alagoas e Università degli Studi di Milano, na Itália. “Além de toda a infraestrutura física e de profissionais qualificados para o desenvolvimento da proposta, o Hospital de Clínicas da UFTM investiu na estruturação de um espaço físico exclusivo para recebimento e processamento inicial das amostras de pacientes com COVID-19. Ainda, a UFTM firmou parceria com a empresa Mosaic Fertilizantes para compra de 10 mil testes de RT-PCR para diagnóstico da doença. Temos colaboração da DetectoGen, empresa de pesquisa sediada em Westborough, EUA, com expertise em tecnologias de detecção de antígenos excretados na urina”, destacou o coordenador da pesquisa. O estudo também fez parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Uberaba e de todos os hospitais e UPAs envolvidos no enfrentamento da COVID-19 em Uberaba.
A aprovação do projeto pela Capes envolve recursos financeiros para compra de insumos, essencialmente os materiais de consumo e pequeno incremento de estrutura de equipamentos, além de pagamentos de bolsas para doutorandos e pós-doutorandos. "A estrutura para pesquisa brasileira está bem preparada para combater o coronavírus, mas precisa ser reforçada porque nós não vamos encontrar uma única pandemia de agora para frente. E algumas doenças, como a COVID-19, virão pra ficar. Então, estabelecer estratégias de diagnóstico, tratamento e controle em situações de epidemias é dever da ciência, da ciência brasileira, e é necessidade de Estado que essa política seja mantida. É fundamental valorizar a pesquisa brasileira e o seu potencial para enfrentar situações de risco e crises, oferecendo ao país as respostas e soluções aos desafios apresentados”, concluiu Virmondes.
Fotos: João Pedro Vicente/HC-UFTM
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