Pesquisa divulga relatório inédito sobre calor urbano em Uberaba
Foi divulgado o relatório derivado de pesquisa, intitulado "Uberaba (MG) sob calor extremo: Relatório do monitoramento do efeito da ilha de calor urbano em 2023–2024 – Um chamado para ação e resiliência climática local". A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Departamento de Geografia (DEGEO) da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), sob coordenação do professor Leandro de Godoi Pinton, e está cadastrada na Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (PROPPG/UFTM) sob o registro nº 03/2022.
O relatório contou ainda com a atuação da geógrafa Tainá Medeiros Suizu, cuja trajetória acadêmico-profissional combina competências aplicadas no campo das geotecnologias para o monitoramento e análise ambiental. Houve também a colaboração do professor Ricardo Vicente Ferreira (DEGEO/UFTM).
O relatório é fruto de pesquisa fomentada com recursos do Núcleo Interinstitucional de Estudos e Ações Ambientais do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (NIEA – TM/AP), vinculado ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG), por meio do Acordo de Cooperação nº 03/2022. Os recursos foram viabilizados pelo promotor de justiça Carlos Alberto Valera.
O relatório
O relatório reúne dados coletados nos anos de 2023 e 2024, considerados pelos pesquisadores os mais quentes já registrados na história recente. O documento foi publicado neste mês de março de 2025.
Este relatório inaugura uma série anual dedicada à divulgação dos resultados do monitoramento e análise do efeito da ilha de calor urbano em Uberaba (MG). Ele apresenta os padrões temporais (anual, sazonal, mensal e horário) da magnitude desse fenômeno em diferentes áreas da paisagem urbana local, com base em dados obtidos nos anos mais quentes da história (2023 e 2024).

A rede de monitoramento de longo prazo da temperatura do ar foi estruturada segundo uma abordagem metodológica reconhecida internacionalmente, que permite detectar diferenças térmicas com maior precisão entre os bairros da cidade. A estratégia adotada assegura maior rigor experimental e uma descrição universal dos parâmetros das paisagens que influenciaram as medições e interpretações dos dados térmicos em escala local.


No monitoramento térmico realizado em Uberaba entre 2023 e 2024, os pesquisadores observaram:
- Período mais crítico do ano: o efeito da ilha de calor urbano foi mais intenso entre os meses de maio e agosto, o que está de acordo com projeções globais que indicam um aumento das temperaturas urbanas mesmo durante os dias e as noites de inverno (junho–agosto) até o final do século XXI.
- Pico inesperado em novembro de 2023: Houve um aumento fora do padrão nas temperaturas urbanas em novembro de 2023, mês tipicamente úmido e mais ameno. Esse pico está associado ao atraso das chuvas na primavera, intensificado pela atuação de um El Niño forte e por uma onda de calor que atingiu o a região sudeste entre 8 e 19 de novembro. Nesse mês atípico, a maior intensidade da ilha de calor foi observada no bairro Parque das Américas, atingindo o valor de 9,9 °C no dia 13/11.
- Bairros mais quentes: As maiores magnitudes do efeito da ilha de calor foram registradas em bairros mais densos e com muita pavimentação, como o Parque das Américas, seguido pelo Centro e pelo bairro Abadia.
- Bairro com menor aquecimento: A região que compreende o condomínio Cyrela Landscape, um bairro mais aberto e com áreas verdes, apresentou uma tendência clara de temperaturas mais amenas ao longo do período. Em média, nesse bairro:
- As diferenças de temperatura ficaram abaixo de 1,7 °C na primavera–verão;
- E abaixo de 2,5 °C no outono–inverno, em comparação com os bairros mais aquecidos.
- Horário de maior impacto: O efeito da ilha de calor foi mais intenso por volta das 21h às 22h, justamente no momento em que a população precisa de temperaturas mais agradáveis para descanso noturno.


“A pesquisa representa um primeiro esforço para documentar e compreender a interação entre a intensidade do efeito da ilha de calor urbano e as mudanças climáticas de origem antrópica. As diferenças térmicas identificadas entre os bairros investigados podem orientar políticas públicas no planejamento urbano, especialmente no desenvolvimento de estratégias para mitigar os efeitos do calor em Uberaba. Os dados apresentados também dialogam diretamente com os objetivos de um Geoparque Global da UNESCO, como a promoção da conscientização da população sobre adaptação e mitigação frente às mudanças climáticas”, explicou o professor Leandro Pinton.
O relatório foi direcionado ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que o encaminhou aos órgãos municipais competentes, incluindo as secretarias de Planejamento e de Meio Ambiente de Uberaba, diante da relevância dos dados para subsidiar a gestão urbana e ambiental do município. O documento foi elaborado com linguagem acessível e finalidade educativa com o intuito de ampliar seu alcance e compreensão, ou seja, ele também é voltado tanto ao público geral quanto aos estudantes e professores das redes de ensino da educação básica.
Links de acesso:
https://osf.io/cbufg (relatório),
https://osf.io/628gm/ (página descritiva do projeto)
ou https://doi.org/10.17605/OSF.IO/628GM
Fonte das imagens: Relatório "Uberaba (MG) sob calor extremo: Relatório do monitoramento do efeito da ilha de calor urbano em 2023–2024 – Um chamado para ação e resiliência climática local"
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