UFTM realiza primeira venda de patente: Biovidros Puros e Nanoestruturados
O desenvolvimento e estudo de Biovidros Puros e Nanoestruturados, que resultou no pedido de patente (BR 10 2025 003053 5), foi realizado em colaboração entre pesquisadores da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) e da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), no âmbito de uma parceria de pesquisa formalizada em 2015. Esta parceria envolve docentes do Instituto de Ciências Biológicas e Naturais (ICBN) da UFTM, incluindo os professores Rodrigo César Rosa, Carlo José Freire de Oliveira, Marcos Vinícius da Silva e Virmondes Rodrigues Junior. Além disso, contou com a participação da professora Sanívia de Lima Pereira, vinculada ao CEFORES/UFTM, e da médica Renata Margarida Etchebehere, do Instituto de Ciências da Saúde (ICS) da UFTM.
Pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), participaram do estudo os professores Anielle Christine Almeida Silva e Noelio Oliveira Dantas, ambos do Instituto de Física. A equipe também contou com a participação dos discentes Thaís Karine de Lima Rezende (UFAL) e Rafael Obata Trevisan (UFTM), que contribuíram com as atividades de pesquisa.
No âmbito da parceria, a equipe da UFAL foi responsável pela síntese e caracterização dos novos biovidros, enquanto as análises biológicas pré-clínicas e clínicas foram realizadas na UFTM, com a avaliação detalhada da segurança clínica do produto. Este esforço conjunto permitiu a integração de diferentes expertises, resultando em uma investigação robusta e abrangente, conduzida com rigor científico e em conformidade com os padrões éticos e metodológicos vigentes.
Como resultado dessa colaboração, foi formalizada a transferência de tecnologia por meio do CONTRATO DE LICENCIAMENTO Nº 1/2025 NIT/AGUIN, firmado entre a UFTM, a UFAL e a empresa Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais LTDA (LadBio), com interveniência da Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU). O contrato prevê o licenciamento exclusivo para uso, desenvolvimento, produção e exploração comercial da tecnologia "Biovidros Puros e Nanoestruturados", consubstanciada no pedido de patente nº BR 10 2025 003053 5, com vigência de 26/02/2025 a 06/05/2044. Os detalhes do contrato foram publicados no Diário Oficial da União em 05/03/2025, Edição 43, Seção 3, Página 131.
Cronologia do estudo
O estudo teve início em 2015, com início da elaboração do pedido de patente junto ao NIT/UFTM em 2020, com o protocolo em 2023, seguido com revisões do pedido de acordo com as exigências formais do INPI em 2024 e 2025. Em março de 2025, ocorreu a transferência da tecnologia, antes do término do processo de avaliação formal pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial INPI, sendo estabelecida vigência de 26/02/2025 a 06/05/2044, tendo em vista o processo de licenciamento à empresa Laboratório de Avaliação e Desenvolvimento de Biomateriais LTDA (LadBio). “É importante ressaltar que a empresa nasceu mediante processo de incubação junto a Agência de Inovação da UFTM, obtendo recursos de investidores, para implementar o processo de regularização, produção e comercialização da tecnologia”, comentou o professor Rodrigo César.
Origem da pesquisa
A ideia de desenvolver biovidros nanoestruturados surgiu a partir da necessidade de aprimorar as propriedades físico-químicas e biológicas dos biovidros convencionais, visando ampliar suas aplicações na área biomédica. Durante estudos prévios conduzidos pelas equipes da UFTM e UFAL, identificou-se que os biovidros tradicionais, embora eficazes em processos de regeneração óssea e dentária, apresentavam limitações relacionadas à sua bioatividade, taxa de degradação e integração com tecidos biológicos.
“A nanotecnologia se apresentou como uma abordagem promissora para superar esses desafios, uma vez que a manipulação de materiais em escala nanométrica permite aumentar a área de superfície, melhorar a interação com as células e modular a liberação controlada de íons bioativos. Esse potencial motivou os pesquisadores a explorar novas formulações e métodos de síntese que permitissem a criação de biovidros com estrutura nanoestruturada, capazes de oferecer maior bioatividade, melhor osteointegração e desempenho superior em aplicações clínicas”, explicou Rodrigo.
Além disso, a colaboração interdisciplinar entre os grupos de pesquisa do Instituto de Ciências Biológicas e Naturais (ICBN) da UFTM e do Instituto de Física da UFAL proporcionou a união de conhecimentos em biologia, química, física e engenharia de materiais, criando um ambiente propício para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras. O interesse em desenvolver soluções mais eficazes para a medicina regenerativa e a possibilidade de atender demandas clínicas específicas impulsionaram a concepção e a concretização desta tecnologia inovadora. “O fator inédito dessa tecnologia está na capacidade dos biovidros nanoestruturados de liberar íons bioativos de forma controlada e prolongada, estimulando diretamente a regeneração óssea e acelerando a cicatrização, algo que os biovidros convencionais não conseguem fazer com a mesma precisão e eficácia”, destacou o pesquisador.
Os biovidros são compostos principalmente por sílica (SiO₂) e fosfato, com adição de cálcio (Ca) e fósforo (P), materiais conhecidos e amplamente utilizados. Os biovidros nanoestruturados são projetados para regenerar e cicatrizar tecidos humanos, especialmente ossos. Na prática, eles podem ser utilizados em implantes e dispositivos médicos, onde liberam íons bioativos que estimulam o crescimento ósseo e aceleram a recuperação de fraturas ou defeitos ósseos, promovendo uma cicatrização mais rápida e eficiente.
O processo de registro dos biovidros nanoestruturados na ANVISA está em andamento. Em breve, os produtos serão comercializados por meio de parcerias com empresas especializadas na área de implantes, materiais ortopédicos e odontológicos. Dessa forma, estarão disponíveis para uso hospitalar, em clínicas médicas e odontológicas, oferecendo uma solução inovadora para tratamentos de regeneração óssea e cicatrização.
A Agência de Inovação da UFTM celebra a primeira venda de patente da instituição, um feito inédito que reafirma o compromisso com a inovação e o avanço científico e destaca que essa conquista não apenas posiciona a UFTM como referência no cenário científico e tecnológico, mas também impulsiona o desenvolvimento de novas soluções para a área da saúde, aproximando a pesquisa da sociedade.
Imagem: Agência de Inovação da UFTM
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