UFTM participa de estudo publicado na revista Science sobre relação entre mudanças climáticas e camuflagem animal
Pesquisadores da UFTM participaram de estudo internacional que resultou no artigo “Global selection on insect antipredator coloration” (Seleção global de coloração antipredatória de insetos), publicado no final de setembro na revista SCIENCE, considerada referência mundial em publicações no que há de melhor em pesquisa em todas as áreas científicas, com artigos que figuram consistentemente entre os mais citados do mundo.
O professor Rhainer Ferreira e o pesquisador Vinicius Lopez, ambos do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental/UFTM, participaram do estudo internacional que destacou situações ambientais nas quais é melhor camuflar-se ou exibir coloração de alerta para escapar de predadores. Rhainer recebeu bolsa produtividade do CNPq e Vinicius uma bolsa da Fapemig para desenvolverem a pesquisa.

Os autores examinaram o porquê de alguns animais — especialmente insetos — usam cores que os escondem (camuflagem), enquanto em outros casos usam cores chamativas para avisar predadores de que não valem a pena atacar (coloração de advertência), entender em que condições cada estratégia funciona melhor, e porque há tanta diversidade no mundo natural.
Foram realizados experimentos em escala global (várias regiões do mundo) para testar diferentes tipos de “presas artificiais” com diferentes cores — por exemplo, cores discretas que se misturam ao ambiente e cores brilhantes de advertência. O experimento de predação foi replicado globalmente em 21 locais, em seis continentes, para testar como a comunidade de predadores, a comunidade de presas e o ambiente visual influenciaram o risco de predação de 15.018 mariposas artificiais de papel com coloração críptica ou de advertência.

O artigo relata que foi observado, entre outros fatores, o tipo de predadores presentes, a densidade de predadores, o ambiente (como vegetação, luz), e como isso afetava o sucesso de cada estratégia. “Não existe uma estratégia ‘melhor para todos os casos’, ou seja, nem sempre camuflagem funciona melhor, nem sempre cores brilhantes são superiores. O contexto importa muito. Um dos fatores mais importantes é a comunidade de predadores (quais predadores estão presentes, com que intensidade atacam). Em áreas onde há muitos ataques de predadores, a camuflagem se mostrou mais vantajosa. Em contrapartida, em ambientes onde a camuflagem fica dificultada (por exemplo ambientes muito claros ou onde os predadores já aprenderam a buscar presas camufladas), as espécies com cores de advertência (brilhantes) tiveram melhor desempenho”, explicou Rhainer.

De acordo com o professor da UFTM, esse tipo de estudo ajuda a explicar por que no mundo natural vemos tantos tipos diferentes de coloração em insetos (e outros animais) e por que essas adaptações variam de lugar para lugar. “Também reforça que a evolução não é uma ‘melhor solução universal’, mas sim que adaptações dependem fortemente do ambiente, de quem são os predadores, e da história evolutiva local. Para quem trabalha com ecologia, conservação ou evolução, entender esses padrões pode ajudar a prever como mudanças no ambiente (por exemplo pela atividade humana) podem afetar quais estratégias irão sobreviver ou desaparecer”, concluiu.
Acesse o artigo na revista Science:
https://www.science.org/doi/10.1126/science.adr7368
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